A BALANÇA (ótima história!)
Quando menino eu vivia brigando com meus companheiros de brinquedos. E voltava para casa lamuriando-me e queixando-me deles.
Isto ocorria, as mais das vezes, com Beto, o meu melhor amigo.
Um dia, quando corri para casa e procurei mamãe para queixar-me do Beto, ela me ouviu e disse o seguinte:
— Vai buscar a sua balança e os blocos.
— Mas, o que tem isso a ver com o Beto?
— Você verá... Vamos fazer uma brincadeira.
Obedeci e trouxe a balança e os blocos. Então ela disse:
— Primeiro vamos colocar neste prato da balança um bloco para representar cada defeito do Beto. Conte-me quais são.
Fui relacionando-os e certo número de blocos foi empilhado daquele lado.
— Você não tem nada mais a dizer? Eu não tinha, e ela propôs:
— Então você vai, agora, enumerar as qualidades dele. Cada uma delas será um bloco no outro prato da balança.
Eu hesitei, porém ela me animou dizendo:
— Ele não deixa você andar em sua bicicleta? Não reparte o seu doce com você?
Concordei e passei a mencionar o que havia de bom caráter de meu amiguinho.
Ela foi colocando os blocos do outro lado. De repente eu percebi que a balança oscilava.
Mas vieram outros e outros blocos em favor do Beto. Dei uma risada e mamãe observou:
— Você gosta do Beto e fcou alegre por verifcar que as suas boas qualidades ultrapassam os seus defeitos.
Isso sempre acontece, conforme você mesmo vai verifcar ao longo de sua vida.
E de fato. Através dos anos, aquele pequeno incidente de pesagem tem exercido importante infuência sobre meus julgamentos.
Antes de criticar uma pessoa, lembro-me daquela balança e comparo seus pontos bons com os maus. E, felizmente, quase sempre há uma vantagem compensadora, o que fortalece em muito a minha confança no gênero humano.
do livro - E, para o resto da vida...
Wallace Leal V. Rodrigues
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